Um artigo completo com tudo que você precisa saber sobre bolsas de transporte de bagagem em bikepacking.
TEXTO: Guilherme Cavallari / FOTOS: Guilherme Cavallari, Javier Cencig, James Vaccari e divulgação das marcas Texto: cedido ao Cicloaventureiro
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Quem já fez meus cursos ou conhece meus textos, seja em livros, filmes ou no meu site, conhece minha TEORIA DE SUSTENTAÇÃO DA AVENTURA. Nela, afirmo existir um tripé conceitual que não apenas sustenta, mas permite o desenvolvimento individual e coletivo nas atividades de aventura. Relembrando: 1) Condições físicas e psicológicas; 2) Habilidades e conhecimento; 3) Tecnologia e equipamento.
Explico isso, a título de introdução, para que não pareça que dou importância demasiada ao equipamento em experiências de aventura. Equipamento, sozinho, não resolve nada. No entanto, equipamento de qualidade e bem utilizado pode salvar uma aventura e a própria vida do praticante.
Somente nos últimos meses, em janeiro e fevereiro, organizei e liderei duas expedições didáticas com alunos do CURSO DE TREKKING e do CURSO DE BIKEPACKING que ministro regularmente no REFÚGIO KALAPALO, a escola de aventura em Gonçalves (MG) onde vivo e trabalho. Os relatos dessas aventuras, BIKEPACKING TERRA DO FOGO 2019 e TREKKING NAVARINO 2019 estão publicadas no site. Em seguida, liderei um treinamento de quatro dias, intitulado CARNAVAL BIKEPACKING 2019, também relatado no site, que aconteceu durante o feriado da folia. Essas três aventuras, somadas aos treinos pessoais regulares e os cursos correntes, serviram também de laboratório para testar itens de equipamento que compõem meu KIT BÁSICO DE AVENTURA (uma grande lista que será publicada em breve no site). Escolhi itens dessa lista relacionados exclusivamente ao transporte de bagagem em bikepacking para relatar aqui como recomendações aquilo que testei e aprovei:
BOLSA DE GUIDÃO
Uso e recomendo a BOLSA DE GUIDÃO (BIKEPACKING HANDLEBAR-PACK) da marca alemã ORTLIEB. Essa empresa é referência mundial em qualidade, durabilidade e eficiência.
Fundada 1982 por um jovem cicloturista de Nuremberg cansado de ver seu equipamento encharcado de chuva, a ORTLIEB passou então a produzir equipamento mundialmente famoso por ser 100% “Wasserdicht”, que significa “à prova d’água” em alemão. Além disso, os produtos são ultrarresistentes. O comentário mais comum que se ouve sobre as bolsas ORTLIEB é que “elas duram pra sempre”.
Quando a empresa decidiu começar a produzir bolsas específicas para bikepacking, em 2016, o mercado ficou surpreso. Bikepacking era ainda uma modalidade de cicloturismo de pouca expressão mundial. Mas aquele era um sinal claro que esse estilo de viajar de bicicleta não era apenas uma moda, mas uma tendência internacional.
A bolsa de guidão ORTLIEB é um saco estanque (pode ser submersível), o que significa que ela está um passo além do simplesmente impermeável (que não deixa a água passar, mas não pode ser submersível). O que torna uma bolsa ou saco estanque, além do material, é o sistema de fechar. É preciso vedar totalmente a entrada da água através de um sistema de fechamento que dê várias voltas na boca da bolsa ou do saco.
A bolsa de guidão ORTLIEB vem em dois tamanhos, pequeno (9 litros) e grande (15 litros). Uso o tamanho grande e nela transporto todo meu equipamento de acampamento (saco de dormir ou quilt, isolante térmico inflável, barraca completa) e levo ainda, quando estou com grupos em treinamento, um toldo, um contrapiso e um jogo extra de estacas. E ainda sobre algum espaço.
Existem, basicamente, dois tipos de bolsas de guidão: A) aquelas que possuem uma estrutura de fixação (chamado de “harness” em inglês) independente da bolsa de carga em si; B) aquelas em que o sistema de fixação está integrado à bolsa de carga. Ambos sistemas são eficientes. As bolsas de guidão com “harness” são mais pesadas, mas oferecem a vantagem de podermos montar a bolsa de carga fora da bike, dentro da barraca em dia de chuva, por exemplo. As bolsas de guidão com sistema de fixação integrado à bolsa de carga, como acontece com a bolsa de guidão ORTLIEB, são mais leves, um pouco mais difíceis de montar de forma eficiente por estarem fixas na bike, mas uma vez bem montadas e corretamente fixadas praticamente não interferem com a dirigibilidade da bike em terreno técnico, além de permanecerem mais estáveis quando em movimento. Ano após ano, depois de seu lançamento, a bolsa de guidão ORTLIEB vêm colecionando elogios e prêmios na comunidade bikepacking internacional.
A bolsa de guidão ORTLIEB possibilita ainda o uso de acessório na forma de uma bolsa chamada justamente de BIKEPACKING ACCESSORY-PACK. Essa pequena bolsa é extrema útil para transporte seguro e para acesso rápido a objetos pequenos como lanterna, celular, pilhas, canivete, etc. Seu tamanho é único (3,5 litros), mais do que suficiente para todas as pequenas tralhas do dia a dia de uma expedição. Considero essa bolsa indispensável. Ela ainda pode ser usada sozinha, independente da bolsa de guidão, em eventuais situações onde pouquíssima bagagem precisa ser transportada na bicicleta.
No CURSO DE BIKEPACKING que ministro regularmente no REFÚGIO KALAPALO, a escola de aventura em Gonçalves (MG), na Serra da Mantiqueira, onde vivo e trabalho, ofereço a meus alunos uma alternativa improvisada, mas de excelente desempenho, à bolsa de guidão ORTLIEB. A razão dessa alternativa é simples: custo. Uso um saco estanque BIG RIVER de 20 litros da marca australiana SEA TO SUMMIT, amarrada ao guidão da bike por fitas ou extensores chamados de ACCESSORY STRAPS de 20mm também da SEA TO SUMMIT. É preciso ter algum tipo de espaçador entre o saco estanque e o guidão, para não esmagar e danificar os cabos da bike. Uso para esse fim aqueles “espaguetes” de hidroginástica, feitos de espuma dura e resistente e de baixíssimo custo, cortados no tamanho exato. Mas não é difícil improvisar com algum outro material. Depois é só fazer uma amarração eficiente que imobilize completamente o saco estanque no guidão, lotado de equipamento, sem interferir com a dirigibilidade e o equilíbrio da bike. Tem que prestar atenção também para não bloquear a visão da trilha com o saco estanque, afinal bikepacking é sinônimo de trilhas.
BOLSA DE SELIM
Uso e recomendo a BOLSA DE SELIM (BIKEPACKING SEAT-PACK) também da marca ORTLIEB. Ela é um saco estanque, fixado sem “harness” à estrutura do selim e do canote do selim. Novamente, a ausência de “harness” ou qualquer estrutura extra de fixação tem a vantagem de ser mais leve e, novamente, exige maior destreza na montagem da carga por estar tudo preso à bicicleta. Uma vez carregada, essa bolsa tem uma válvula que permite a eliminação de boa parte do ar dentro dela, tornando-a quase uma bolsa que “embala a vácuo”. Pode parecer bobagem, mas quem pedala trilhas técnicas, desce rápido por cima de pedras e valetas, sabe como é importante não ter uma bolsa solta, pendurada e balançando em nosso selim. Essa bolsa vem em dois tamanhos, médio (11 litros) e grande (16,5 litros). Eu tenho uma grande e uso para transportar toda minha roupa extra e de frio, mais uma panela de titânio de 1,8 litros, que consigo usar para até três pessoas, cheia de comida. Essa panela cheia de comida seca oferece autossuficiência em alimentos para mim por dois dias completos. Não conheço e nunca consegui desenvolver um método eficiente de improvisar uma bolsa de selim confiável. Essa bolsa tende a ficar mole e solta, atrapalhando a dirigibilidade da bike em terreno acidentado ou técnico.
BOLSA DE QUADRO
Uso e recomendo a BOLSA DE QUADRO (BIKEPACKING FRAME-PACK) também da ORTLIEB. Ela possui um zíper impermeável (não é estanque), excelente fixação por meio de robustos velcros e é construída com material quase indestrutível, embora leve. A grande desvantagem dessa bolsa de quadro, no entanto, é que ela não é feita sob medida. Ela vem no tamanho médio (4 litros) e no tamanho grande (6 litros). Uso a bolsa grande, que infelizmente é pequena para meu atual quadro. Nessa bolsa costumo carregar o fogareiro e a comida, o que me oferece autossuficiência em alimento por cerca de 5 dias. Se uso uma bolsa de quadro sob medida para meu quadro, ocupando 100% do espaço disponível na bicicleta, minha autossuficiência em alimento aumenta para 10 dias. Uma grande diferença!
Por isso, recomendo também a BOLSA DE QUADRO ARESTA EQUIPAMENTOS, feita de cordura resistente a água, com zíper de boa qualidade porém não impermeável, feita sob medida para o tamanho do triângulo interno de qualquer bicicleta. Uma vantagem inegável desse item é o preço. Por ser um produto nacional e de produção artesanal, custa uma fração do que uma bolsa importada custaria aqui no Brasil. Mas, obviamente, a qualidade acompanha o preço e também decai em comparação com produtos importados e feitos com tecnologias mais avançadas. No final, revezo esses dois produtos — a bolsa da ORTLIEB e a bolsa da ARESTA EQUIPAMENTOS — nas minhas expedições em bikepacking. O ideal, ao meu ver, seria uma bolsa impermeável com a qualidade da bolsa de quadro da ORTLIEB, só que feita sob medida. Gosto muito de bolsas de quadro sem zíper, com abertura pela parte superior da bolsa. Isso com certeza facilita muito a carga e a descarga de equipamento, mas ainda não testei esse tipo de bolsa. Teoricamente, na minha opinião, esse seria o modelo perfeito.
BOLSAS DE COCKPIT
Aqui temos, basicamente, dois produtos distintos: a bolsa de cockpit do canote do selim e a bolsa de cockpit da caixa de direção.
A primeira, como o nome já diz, é fixada em cima do tubo superior do quadro e ao pé do canote do selim. Uso a JERRYCAN da marca norte-americana REVELATE DESIGNS. Já usei o pequena ENERGY BAG da tradicional marca alemã DEUTER e gostei muito. A diferença entre uma e outra é basicamente o tamanho. Nessa bolsa costumo carregar meu canivete multiuso, uma ferramenta também multiuso para a bike, óleo de corrente e um trapo para limpeza da relação. Mais nada. Tudo isso não caberia na bolsa de DEUTER, então acabo usando mais a bolsa da REVELATE DESIGNS porque os itens listados me acompanham em toda aventura em bikepacking.
A marca brasileira CURTLO tem um produto que me parece muito interessante, embora eu ainda o não tenha testado. Trata-se da BOLSA DE QUADRO FRAME BOX, que vem em dois tamanhos. Prefiro o tamanho maior. Muito bem construída, o tamanho grande é menor do que as bolsas da REVELATE DESIGNS e maior do que a bolsa da ORTLIEB, mas vejo nesse produto uma ótima opção com excelente custo-benefício.
Para bolsa de cockpit da caixa de direção, uso o GAS TANK também da REVELATE DESIGNS. Também uso e recomendo o COCKPIT-PACK da ORTLIEB, que para mim é larga demais para usar no pé do canote do selim. Minhas coxas raspam na bolsa quando pedalao. A bolsa da REVELATE DESIGNS é maior do que a bolsa da ORTLIEB, embora a ORTLIEB seja mais robusta e mais impermeável. Nesse compartimento carrego pilhas, baterias, powerbanks e afins. Como tenho um dínamo interno no cubo da minha roda dianteira, que produz energia elétrica enquanto pedalo, coloco dentro dessa bolsa também o terminal do cabo, com saída USB, que vai recarregar algum aparelho eletrônico durante o pedal.
Novamente, a marca brasileira CURTLO tem um produto que nunca usei mas que confio. Trata-se, de novo, da BOLSA DE QUADRO FRAME BOX. A marca tem também a volumosa BOLSA DE QUADRO PHONE-BAG PLUS, que possui ainda um envelope plástico para transportar um telefone celular tamanho grande. Existe ainda um tamanho menor desse mesmo modelo, com a mesma função e qualidade.
BOLSAS DE GARFO
Aqui é preciso ter muito cuidado! Bikepacking, para ser eficiente, é obrigatoriamente minimalista. Quanto menos levarmos na bike, melhor. Tenho um par de ANYTHING CAGE HD da marca norte-americana SALSA CYCLES. Esses suportes de plástico rígido e resistente são fixados às canelas de um garfo ou suspensão. O ideal é que o garfo seja rígido e que haja furações para fixação através de parafusos, que vêm com os suportes. Na falta de furação para parafusos é fácil prender esses suportes usando zip-ties, abraçadeiras de plástico. A mesma marca oferece também a bolsa ANYTHING BAG, de 4,5 litros de capacidade interna (com a boca da bolsa aberta). Nessas bolsas eu já transportei alimento extra e alguns acessórios como carregadores, cabos e extensões elétricas. Mas só enxergo a necessidade de usar essas bolsas em expedições autossuficientes de longa duração com mais de 15 dias distante de qualquer ponto de reabastecimento. Algo bem difícil de acontecer. Caso contrário, acabamos enchendo essas bolsas de garfo com coisas dispensáveis, que fogem da proposta minimalista do bikepacking. Particularmente, não gostei da equação de peso e volume das bolsas ANYTHING BAG da SALSA CYCLES e vou trocá-las pelos sacos estanques PD-350 da marca ORTLIEB. Esses são maiores, tem capacidade interna de 5 litros fechados, são proporcionalmente mais leves e de melhor manuseio. Achei o material dos sacos da SALSA CYCLES duro e grosso demais.
VOILE STRAPS
Essas tiras de fixação foram inventadas há mais de 30 anos com o objetivo de prender e amarrar, de forma rápida e eficiente, artigos esportivos. Primeiro, elas se tornaram muito populares em esportes de neve para prender esquis uns nos outros. Trata-se, simplesmente, de uma espécie de cinto, ou cinta, de fivela ou presilha rápida de alumínio ou plástico, construída de material levemente elástico e muito resistente. Um tipo de borracha siliconada. As tiras se tornaram muito populares no universo do bikepacking, onde sem dúvida desempenharam papel revolucionário no transporte de equipamento nas bicicletas. Eu uso várias, de vários cumprimentos e larguras, em diferentes lugares da bike. Não existe, por enquanto, representante do produto no Brasil, então recomendo aquisição da VOILE STRAPS pelo site da AMAZON/USA.
TIRAS DE CÂMARA DE AR INUTILIZADAS
Não sou fã de suportes rígidos, seja de metal ou plástico, parafusados na parte inferior do quadro de bicicletas. Se vou pedalar por qualquer terreno em expedições de bikepacking posso, facilmente, bater o fundo da bike em troncos, pedras, galhos, raízes e beiras de trilha. Se tenho uma estrutura rígida fixa no quadro, posso acabar quebrando essa estrutura ou até danificar o próprio quadro. Tô fora!
Então inventei essa técnica, coisa de brasileiro pobre mesmo que recicla pra não gastar, que já testei e aprovei. Enrolo uma tira de borracha cortada de uma câmara de ar velha, às vezes cheia de remendos, no tubo inferior do quadro da bike. Depois enrolo outra tira no objeto que quero fixar ao quadro da bike (garrafa de combustível, bolsa com ferramentas e peças sobressalentes, garrafa d’água, câmaras de ar reserva, etc.). Não dou nenhum nó para fixar essas tiras, apenas passo a ponta dela dentro da última volta ao enrolar. A borracha presa ao quadro adere à borracha presa ao objeto a ser transportado, impedindo que eles se soltem facilmente. Prendo tudo com fitas VOILE STRAPS ou com outras tiras de borracha de câmara de ar. Simples. As fitas VOILE STRAPS permitem amarrar e desamarrar muito mais rápido, sem precisar de nós, laços e afins.
DEMAIS BOLSAS, BOLSAS DEMAIS!
Não param de surgir outras bolsas e novas formas de transportar bagagem em bicicletas no ambiente de bikepacking. E não vão parar de surgir. Existem bolsas que se fixam às esquinas entre o guidão e o quadro da bike, que são chamadas de “feedbag”, porque normalmente são usadas para transportar comida de trilha. Sinceramente, não vejo grande utilidade nelas, pelo menos não para mim. Não gosto da ideia de comer enquanto pedalo, prefiro parar e comer com calma. Existem corridas de bikepacking, onde os atletas pedalam dias e semanas praticamente sem parar, dormindo o mínimo possível. Nessas provas esses “feedbags” fazem sentido. Quando viajo em bikepacking tento pedalar forte, pedalar rápido, pedalar eficiente porque esse estilo de pedal me seduz. Mas isso não quer dizer que tenho pressa de chegar a algum lugar. Também não gosto do sistema de fixação dessas bolsas de “feedbag”, que não podem ser muito firmes para não atrapalhar a dirigibilidade da bike. As fitas que as prendem roçam no garfo e no guidão, as bolsas roçam constantemente contra o quadro. Atrito desnecessário que acaba por causar danos aos materiais. Tenho vivido bem na minha bike sem esse tipo de bolsa.
MOCHILAS DE BIKEPACKING
Primeiro, é preciso deixar claro que mochilas não são item obrigatório em bikepacking e muito menos proibidos. A própria palavra “bikepacking” é uma derivação e um trocadilho com a palavra “backpacking”, que vem de “backpack”, que é mochila em inglês. Ou seja, bikepacking é “mochilar de bicicleta” numa tradução livre e literal.
Sou fã incondicional de sistemas de hidratação, aquelas bolsas de água munidas de um longo canudo que nos permitem beber sem parar a atividade esportiva. Consigo me hidratar muito melhor com esse sistema, o que significa melhor desempenho e mais saúde. Assim, levar uma mochila pequena de hidratação já faz parte do meu cotidiano na bike. Respeito, embora não entenda muito bem, quem diz não gostar de usar mochila e prefere levar uma caramanhola, ou garrafa d’água de ciclismo. É inegável que a hidratação fica mais difícil e às vezes até comprometida. Mas, no bikepacking, se deixamos espaço na bike para transportar água, perdemos espaço nobre para transportar equipamento. E autossuficiência é tudo!
Já faz muito tempo, minha mochila favorita para bikepacking é a TRANSALPINE de 30 litros, da DEUTER. Premiadíssima no mundo todo, essa mochila já é clássica. Sua ergonomia é imbatível, ela é confortável mesmo carregada e pesada com 10 kg de bagagem, como normalmente carrego. Levo sempre 3 litros de água no reservatório, mesmo se saio pra pedalar por duas horas apenas. Água nunca é demais. Levo na mochila a jaqueta, a calça e as luvas impermeáveis, que quero à mão quando começar a chover ou nevar. Levo, às vezes, meu equipamento fotográfico completo, que é composto de máquina, lente, tripé e microfone direcional. Levo ainda meu lanche de trilha. Sem a mochila, nem sei como faria para espalhar tudo isso na bike sem perder espaço para 10 dias de comida.
Gostei muito também, embora não tenha usado por muito tempo, a mochila MOUNTAIN X-31 da ORTLIEB. Ela não é tão confortável quando a mochila da DEUTER, mas é 100% impermeável, quase estanque não fosse pelo zíper, robusta e praticamente indestrutível. Não precisar se preocupar com chuva, não precisar vestir a capa de chuva na mochila, é um grande benefício na minha opinião.
Se estou numa expedição multiesporte, onde além do bikepacking vou fazer, por exemplo, também trekking — como fiz na EXPEDIÇÃO TRANSPATAGÔNIA, que gerou o filme TRANSPATAGÔNIA e o livro TRANSPATAGÔNIA, PUMAS NÃO COMEM CICLISTAS —, vou precisar de uma mochila semi-cargueira nas costas. Na bike, essa mochila de talvez 45 litros de capacidade de carga vai quase vazia, com os mesmos itens que levaria numa mochila de 30 litros ou menos. No trekking, a mochila terá que transportar meu acampamento completo, comida, roupas extras e tudo mais. Para esse caso, a DEUTER tem uma série de mochilas, como as linhas ACT TRAIL PRO, TRAIL PRO, AIRCONTACT, AIRCONTACT LITE, etc., que com certeza atenderão às necessidades de qualquer um.
EXPLICAÇÕES ÉTICAS
Apesar de ser apoiado das marcas ORTLIEB, DEUTER e SEA TO SUMMIT, marcas muito citadas nesse artigo — sou inclusive o único embaixador ORTLIEB no Brasil — não tenho interesse comercial em divulgar essas marcas. Aliás, sou apoiado por essas empresas mais por insistência minha ao longos dos anos do que por iniciativa delas. Ou seja, fui atrás dessas marcas e construí um relacionamento com elas porque, antes de tudo, queria tê-las ao meu lado por considerá-las as melhores. Faço questão de explicar isso, embora não seja essencial, para que os créditos de minhas indicações recaiam sobre quem realmente merece: os excelentes profissionais por trás dessas marcas. Em cada expedição que organizo, seja sozinho ou acompanhado, minha vida e a vida de terceiros estão em risco. Eu jamais usaria ou recomendaria marcas em que não confio plenamente. Aos interessados, marca ORTLIEB é representada no Brasil pela importadora ZAKEN.
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