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De Itajaí até Ushuaia ( Pedalar é Possível)

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De Itajaí até Ushuaia ( Pedalar é Possível)

Ás vezes nos deparamos com situações na vida onde nos é exigido coragem. Coragem para encarar desafios ou seguir sonhos. E todos nós sonhamos, todos nós desejamos fazer algo. A diferença é que alguns se movem em direção aos seus sonhos e os tornam realidade. Forte é aquele que não desiste dos seus sonhos, mesmo com tantas dificuldades no caminho. Uma vez escutei uma frase no filme “A procura da felicidade” que dizia : Nunca deixe ninguém dizer que você não pode fazer alguma coisa. Se você tem um sonho, tem que correr atrás dele. As pessoas não conseguem vencer, e dizem que você também não vai vencer. Se quer alguma coisa, corre atrás.

Neste contexto ficamos sabendo no ano de 2016 de uma história que aconteceu aqui em Santa Catarina, em uma cidade vizinha. Um pai e um filho saíram de bicicleta de Itajaí-Santa Catarina e foram até o fim do mundo em Ushuaia. O Portal Ciclo Aventureiro foi atrás para saber maiores detalhes e fizemos uma pequena entrevista com estes “ciclo aventureiros” no anos de 2016. Quem sabe a história deles inspire nossos leitores da mesma forma que nos inspirou.

Cicloaventureiro: Quem são os aventureiros ?

Somos dois gaúchos que residimos agora em Itajaí-Santa Catarina. Meu nome é Marlon Acosta, e tenho 50 anos. Meu filho se chama Pietro Ávila Costa e ele tem 21 anos.

Cicloaventureiro: De onde surgiu esta ideia louca de viajar de bicicleta ? Como decidiram o destino da viagem, e por que foram para Ushuaia ? 

A história é longa e cheia de detalhes. Morávamos em Rio Grande-RS que fica pertinho de Chuí-RS, e lá era um local de passagem dos aventureiros para Uruguai, Argentina e Terra do Fogo. E um dia um colega do Pietro foi até Ushuaia de Jipe e colou um adesivo na porta do carro dizendo “Expedição Ushuaia”. Certa vez um viajante de bicicleta viu o adesivo e perguntou maiores detalhes sobre a expedição e disse que estava indo para Ushuaia de bicicleta. Então esta foi a primeira vez que o Pietro teve contato com a ideia. E esta ideia uniu Ushuaia-Bike-Viagem e pela primeira vez ele viu que era possível fazer algo deste tipo. Quando mudamos para Itajaí o Pietro queria vender o carro para fazer um intercâmbio nos Estados Unidos. E então ele teve a ideia de me convidar para fazer uma viagem de bicicleta como ele tinha ouvido falar.

Cicloaventureiro: Quando foi essa conversa e qual foi a data de partida ? Quando chegaram em Ushuaia ?

Meu filho,Pietro, me convidou no começo de Setembro de 2015. Na mesma noite decidimos quando partir e depois até antecipamos em dois meses os planos. Partimos no dia 22 de Fevereiro de 2016. E 52 dias depois da partida, no dia 17 de Abril chegamos diante da placa do fim do mundo.

Cicloaventureiro: Fale mais sobre a sua viagem, quais os detalhes desta expedição ? 

Comparando com outros cicloturistas a nossa viagem foi um grande improviso. Eu e Pietro trabalhamos de Garçon em um estaleiro em Itajaí. Decidimos que em Fevereiro, que era o fim da temporada de praia, pediríamos nossas contas, em março nos arrumaríamos e em abril partiríamos para Ushuaia. E fizemos isso antes do prazo, partimos em fevereiro. Dois dia após termos decidido fazer esta expedição, comentamos com um jornalista chamado Almeri  Cezino, no bar onde trabalhávamos o que pretendíamos fazer e ele nos deu maior apoio. Foi ele quem escreveu a história desta viagem que em breve será publicada em um livro. O livro se chamará “Pedalar é Possível”.

Cicloaventureiro: Como vocês fizeram com a bicicleta e os equipamentos?

Compramos duas bicicletas velhas que custaram R$ 750,00 as duas. As bicicletas foram entregues por um nosso amigo de Rio Grande aqui em Itajaí. E montamos nossas bikes com restos de madeira do estaleiro, potes de gordura que saíam do restaurante e canos de PVC. Fizemos isso por que não tínhamos dinheiro para comprar todos os equipamentos que precisávamos ou que ouvíamos que os cicloviajantes precisavam. Alguns equipamentos tivemos que comprar, como barracas de neve e roupas térmicas. Muito longe daquilo que se julga necessário. E partimos sem quase nenhuma técnica, conhecimento ou equipamentos apropriados. Uma viajem quase inconsequente, pois era precário os nossos recursos. Mas mesmo assim partimos, com a certeza que chegaríamos em Ushuaia. Na verdade não sabíamos nem como voltaríamos. A certeza de chegar lá era natural.

Cicloaventureiro: Quanto vocês pedalavam por dia ?

Na verdade tínhamos um objetivo de fazer 100 Km por dia e isso variava muito por causa do vento e das elevações de onde estávamos. Afinal atravessamos toda a Patagônia. Então teve dia que em 5 horas concluíamos nosso objetivo e teve dias que pegamos ventos mais fortes e chegamos a pedalar 12 horas.

Cicloaventureiro: O que vocês sabiam sobre bicicleta ? Já pedalavam antes ?

Nada. Eu era fumante, não andava de bicicleta e era totalmente sedentário. Quando nos mudamos para Itajaí decidimos mudar de estilo de vida e decidi junto com a minha esposa que não andaria mais de carro e andaríamos de bicicleta. Então começamos a pedalar. Largar o cigarro foi a melhor coisa que fiz na minha vida.

Cicloaventureiro: Qual a foi a quilometragem total desta viagem ? 

O total foi de 5200 km sendo 4100 km pedalamos e 1100 km de carona e trem. Fizemos um trajeto de 180km no trem patagônico.

Cicloaventureiro: Qual o custo da viagem toda, quanto vocês gastaram ?

Conseguimos fazer a viagem toda com R$ 13.000,00 (treze mil reais). Gastamos alguma coisa com equipamentos que compramos mas o dinheiro mesmo levantamos fazendo uma rifa do carro do meu filho. O carro era antigo e velhinho e valia apenas R$ 5.000,00 (cinco mil). Vendíamos a rifa para os clientes do restaurante que trabalhávamos. Foram quase mil números vendidos a R$ 20,00 (vinte reais). Com a rifa levantamos R$ 18.000,00 (dezoito mil reais) ao todo. A rifa já foi um sinal de determinação, depois que decidimos ir nada poderia nos impedir. Se não tivéssemos vendido a rifa, partiríamos do mesmo modo.

Cicloaventureiro: Qual foi o momento mais perigoso da viagem ? 

Na verdade a viagem foi muito prazerosa. O único momento de apreensão foi quando chegamos em Buenos Aires as 22:00 horas. Estávamos acostumados a ir de cidade em cidade procurando lugar para ficar e era tarde da noite quando chegamos no centro da cidade de Buenos Aires. Amigos nossos tinham nos avisado que Buenos Aires era uma cidade perigosa. Ficamos um pouco com receio. Mas logo achamos um hotel onde podíamos deixar as bicicletas e nos tranquilizarmos. No outro dia partimos do centro de Buenos Aires para pegar a Rota 3 e a cidade é gigantesca. Pedalamos por horas e não conseguimos sair da área metropolitana. Nos avisaram que haviam favelas nas saídas de Buenos Aires que eram perigosas. Fora essa apreensão, nada ocorreu fora do normal na viagem.

Cicloaventureiro: E vocês fizeram mais alguma viagem desde então ? 

Eu, fiz uma viagem pela Serra Gaúcha de bicicleta e tenho vontade de quem sabe um dia ir ao Pacífico. Não tenho nenhum projeto ainda concreto. Quem sabe fazer algumas viagens de cicloturismo aqui por perto. O Pietro vai novamente para Ushuaia, mas desta vez sem a bicicleta e só de mochila. De lá o Pietro vai subir pela costa Oeste subir na rueta 40, Argentina, Chile, Peru e quem sabe até Equador e Bolívia. Ele pretende viajar um ano.

Livro da Aventura

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